sexta-feira, 9 de março de 2012

QUEM MUDA QUEM?

Nem me lembro mais quantas vezes comi na mesma mesa com pessoas que me eram totalmente desconhecidas. Como trabalho com vendas, e os vendedores sabem bem disso, comemos em restaurantes mais populares, e na falta de mesas sentamos com pessoas que não conhecemos, algumas vezes fazemos amizades, algumas vezes incomodamos, outras nos sentimos incomodados, dependendo de quem chegou primeiro, porem isso não altera meu dia ou minha vida, pelo menos não na maioria das vezes, sou ocidental, globalizado e praticamente um norte americano no Brasil, como a maioria de nós. Mas existem outras culturas além da nossa, com seus costumes, suas religiões, seus ideais e etc. Com base na minha vida, como todos nós fazemos, julgamos o mundo partindo do que o EU pensa e pratica, tentei entender a pergunta feita por escribas e fariseus aos discípulos: porque ele (Jesus) come e bebe com os publicanos e pecadores? (Marcos 2:16), ora eles só estavam com fome, qual lugar melhor para se alimentar do que a casa de um cobrador de impostos? Levi tinha dinheiro para fartar todo mundo e se estavam com fome, e tinham sido convidados, porque não comer? Isso me intrigou por um tempo, decidi então, fazer uma pesquisa para tentar entender melhor porque trouxe tamanho escândalo aquela atitude tão comum aos nossos olhos, pelo menos aos meus olhos, e comecei a entender que a atitude de Jesus, chocou, porque ia alem de uma simples necessidade do corpo. Um judeu não se assentava em uma mesma mesa, com pessoas que não compartilhassem de seus mesmos ideais, religiosos e políticos, se comessem juntos estavam declarando que partilhavam de uma mesma ideologia, não veríamos um judeu comendo com um romano, que era o povo que dominava naquela época. Roma conquistou o mundo, conquistou Israel, mas não conseguiu alterar a cultura e religião, porque os judeus não se misturavam, mantiveram seus rituais, suas práticas e, se necessário, morriam por causa disso, comer com um romano seria afirmar que concordaria com sua prática religiosa pagã, agora imagina comer com um publicano como Levi, que era um judeu que trabalhava para o império Romano, tirando dinheiro dos seus conterrâneos, comer também com prostitutas, pecadores e impuros, pessoas totalmente marginalizadas e excluídas. A situação era ainda mais perturbadora porque Jesus era reconhecido como um mestre, ele ensinava sobre o Reino de Deus. Dentro desse quadro era inconcebível um rabi, se assentar a mesa dos escarnecedores, e recebendo conselho de ímpios. Jesus não poderia voltar-se para aquele povo, era escândalo demais. A mente dos líderes entendia isso: que aquele mestre estava se assemelhando aos ímpios, pois estes eram maioria, eles influenciariam esse Jesus. De acordo com a Lei, os líderes até tinham sua razão, só não entendiam uma coisa, que o rabi Galileu não era o influenciável, mas sim, o influenciador, os pecadores ali estavam passando pelo processo de metanoia, palavra de origem grega que significa arrependimento, mudança de mente, de direção. Os escribas e fariseus não percebiam que quem estava ali era o Emanuel (Deus conosco), e que esse Deus é imutável, e mutável eram os que estavam ao seu redor e a historia desses homens estavam sendo reescritas, como diz a canção de Thalles Roberto: "eu não tinha nada, agora tenho vida e uma história nova e linda escrita pelo dedo de Deus."
Analise então: o Levi, dono da casa na qual ocorreu o banquete, o publicano que tirava coisas das pessoas, se tornará o Mateus que segue o Mestre, e nos relata o evangelho que leva seu nome e doa tanta vida, paz e esperança para os homens que o lêem.
METANOIA, QUEM MUDA QUEM?

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