segunda-feira, 25 de junho de 2012

OFERECENDO MEU CORPO


Dia cinco de abril de dois mil e doze, um dia depois do nascimento da minha filha ela dormiu pela primeira vez em nossa casa. Ali no seu bercinho, todo decorado por sua mãe, era o berço digno de uma princesa, todo branco com rosa, lindo como ela merecia, porém entre o branco e o rosa, Sofia era a minha branquinha e muito mais linda que uma rosa.
Minha Sofia nasceu realmente muito branquinha, tão clarinha que naquela noite na hora de deitá-la em seu berço, percebi nela algo que me deixou profundamente chateado: ela tinha três marquinhas vermelhinhas de picadas de pernilongo. Não entendi como isso teria acontecido bem debaixo de meu nariz. Como não percebi esses mosquitos? Como dei esse vacilo? Em qual momento esses pequenos monstros selvagens furaram meu bloqueio de pai super protetor e atingiram minha bebezinha? Ela, tão pequena tão indefesa. Fiquei arrasado, pode parecer exagero, mas quando estamos diante da fragilidade de um serzinho tão impotente diante de tudo, tão dependente de você, que quando você falha em proteger, se sente a pior pessoa na face da Terra.
Em minha casa costuma entrar muito mosquito, principalmente em dias quentes como foi o dia em que minha filha foi para casa, porém em dias comuns dias em que não temos uma visitante tão ilustre, ligamos o ventilador, passamos um spray anti-mosquito ou então usamos um repelente deixando longe de nossas peles esse predador tão feroz, mas nesse caso não pudemos usar nenhuma dessas opções, o spray e o repelente poderiam fazer mal a ela por causa do cheiro forte, o ventilador então nem pensar, ela sente muito frio e começa a espirrar, e todo cuidado é pouco com relação a gripes e resfriados em um recém nascido ainda não vacinado e o primeiro véu que conseguimos achar para protegê-la contra os pernilongos no berço era um pouco durinho, deixando então algumas brechas, porque não se moldava completamente como acontece com um véu que tenha o tecido mais mole. O que fazer então em uma situação como essa? Pensei bem e encontrei uma solução e essa solução era a seguinte: Como eu dormiria no mesmo quarto que a Sofia, pois minha esposa tinha passado por uma cirurgia e o meu sono é muito mais leve, decidi dormir sem camisa e sem nada para me cobrir, assim os mosquitos vieram em mim, eu fui o alvo fácil, foi mais fácil vir em mim do que procurar uma passagem entre o véu, nem sei quantas picadas levei, e foram muitas, mas minha filha, ficou intacta, podendo dormir tranquilamente sem ser importunada, e continuar linda com sua pelezinha branquinha.
Na manhã seguinte, com as costas toda coçando, comecei a pensar na decisão que eu tinha tomado de levar as picadas para que minha filha não sofresse, eu não permiti que ela fosse importunada, não permiti que esse mal viesse sobre ela, eu não dividi com ela esse incomodo, eu tomei sobre mim todo o incomodo, todos os pernilongos alimentaram-se do meu sangue, e foi assim porque eu quis, foi uma escolha totalmente minha, ela não me pediu, até porque vai levar um tempo para me pedir algo do tipo, mas foi a minha escolha, ofereci o meu corpo para que ela descansasse, para que ela tivesse paz e ficasse revigorada pela manhã, após uma tranqüila noite de sono. Mas o que me motivou a fazer isso? Seria o instinto? Seria a razão? Talvez todas essas coisas reunidas. Porém eu, em meu coração tenho quatro letras para explicar a minha atitude: A-M-O-R. Simplesmente por amor me entreguei ao incomodo, tive uma noite mal dormida para que meu bebê pudesse relaxar, simplesmente por amor deixei esse mal recair sobre mim, porque eu amo muito minha Sofia fiz e faria de novo por ela.
Sabe de uma coisa, essa situação me despertou para algo, alguém um dia também ofereceu o corpo para que eu tivesse paz, alguém derramou o próprio sangue para que eu tivesse descanso, ou melhor, eu tivesse vida e vida eterna.
No campo espiritual eu sou a parte mais frágil, assim como minha filha, mas: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”     Isaías 53:4-5
O castigo que seria sobre mim, a dor que seria sobre mim, a tristeza que seria sobre mim, a maldição que seria sobre mim, a morte eterna que seria sobre mim, Ele, Jesus, tomou para si, na cruz Ele recebeu aquilo que me estava reservado, na cruz Ele me fez vencedor, me livrando, e me trazendo esperança, aquilo que eu não poderia suportar Ele suportou em silêncio.

Em um grau incomparável, Cristo fez por mim o que eu fiz por minha filha. Motivo? A-M-O-R

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