sexta-feira, 30 de março de 2012

MÚSICA PARA MIM

Não sei por que, mas parece que temos um cromossomo que determina as canções no banheiro, é impressionante, basta entrarmos lá para começar a vir músicas de todos os tipos, até mesmo do tipo que a gente não gosta, e no fim acabamos cantarolando alguns trechos, quando não a música toda para felicidade dos ouvintes sem opção.
Pois bem, hoje pela manhã fui tomar banho e antes me barbeei, engraçado que durante o barbear veio a minha mente aquela música Staying Alive do Bee Gees, e comecei a me lembrar daquela cena do personagem Tony Manero, interpretado por John Travolta, a cena inicial em que Tony vai andando pelas ruas com uma lata de tinta na mão, com calça boca de sino, camisa aberta até a altura do peito com a gola enorme por cima da jaqueta apertadinha, e ele vai no gingado como se a música que nós estamos ouvindo como trilha sonora nesse momento, estivesse tocando para ele e enquanto ele caminhava a música tocava e ele gingava. Muito “maneiro”. A multidão que aparecia contracenando com Manero não passava de figurantes, a música era para Tony, ainda que ninguém ao redor ouvisse, Tony parecia ouvir e o restante das pessoas não fazia diferença, eram figurantes e ele era o principal.
Nos filmes existe a trilha sonora para cada cena importante dando destaque às personagens ou momentos que precisam ser frisados. Não sei se você já percebeu, mas temos o costume de achar que existe uma música tocando para nós, em tudo que fazemos ouvimos a música, se dirigimos, música, se andamos na rua, música, se andamos de bicicleta, música, se corremos, música, se treinamos, música, se nos decepcionamos, música, se nos alegramos, música. Achamos sempre que exercemos o papel principal na história da humanidade, somos os únicos, os outros, meros figurantes. Agimos assim, chegamos num recinto, tá frio, tem duzentas, pessoas congelando, mas se chegamos com calor, achamos que tem que ligar o ar condicionado, o contrário também acontece, se fomos contratados para um emprego, mérito nosso, se fomos demitido, o patrão não tinha noção do que era bom, quando alguém está pregando pensamos: - “Se fosse eu, ganhava todos os perdidos aqui neste lugar”; ao assistir um jogo, em que nosso time está perdendo, gritamos as melhores táticas para o técnico, que “não sabe de nada”, falamos melhor, cantamos melhor, atuamos melhor, oramos melhor, teologizamos melhor. Há musica para nós, em cada respiração nossa, há música.
Lendo a Palavra de Deus um dia desses, encontrei um Tony Manero, mas esse atendia por nome de Elias. Elias era sim um homem de Deus, um profeta da parte do Senhor, que diante de uma situação de decadência moral e espiritual em Israel bradou que não choveria, e realmente não choveu por mais de três anos, conforme havia dito. Mas entenda isso, por mais que façamos coisas realmente importantes, coisas que tragam grande impacto nas pessoas, não somos os atores principais desse espetáculo, cada pessoa na face da Terra tem a sua história para contar, suas vitorias e derrotas, seus costumes, suas lutas, todos somos criações de Deus, ninguém nunca será mais importante do que o outro.
O profeta Elias ao ser ameaçado de morte pela rainha Jezabel, foge e se encontra com o Senhor em uma caverna, começando a se lamentar achando que a música tocava só para ele, Elias diz: “Senhor todos se corromperam e só eu sobrei, somente eu me mantive fiel”. (I Reis 19:14), porém a resposta de Deus no versículo 15 é surpreendente: - “Elias, volte pelo mesmo caminho que você veio”, e mais, no versículo 18 o Senhor continua, - “existem mais sete mil que eu conservei em Israel porque também não se corromperam”.
Elias teve que voltar com essa, achou que era o único, mas Deus provou que Elias estava sete mil vezes errado e voltando pelo mesmo caminho viu que não era o ator principal desse episodio, havia mais sete milhares de pessoas atuando.
Será que não está na hora de “voltarmos pelo mesmo caminho em que viemos” enquanto ouvíamos a nossa música tema e perceber que existem “outros” e que esses não são simplesmente figurantes, sendo não menos importantes que você?

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